1. |
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Andei nas aguas de março fechando o verão
Chorei ouvindo Cartola num samba-canção
Noel, me traga esse samba-chorado pra cá
Que eu quero gozá-lo na voz de Djavan
Matando a saudade desabafar toda emoção
Sambou o Chico formando um imenso cordão
Xangô olhando do céu só queria dançar
E Gal, cantando Caymmi, lembrando do mar
Sorrindo pra Elis nessa festa pagã
Com Gil perguntando de onde é que vem o seu baião
Abre alas pro povo da Mangueira
Que ele vai passar
Pra espalhar toda a bossa brasileira
Nesse carnaval
Alguma coisa acontece no meu coração
Ao ouvir o gingado do pinho de João
Canta sob a lua de São jorge
A voz do Brasil pra me enlevar
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2. |
Chegaste (Beto Caletti)
04:02
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Chegaste no estalo de um samba
num breque do tambor
chegaste com a lua mais branca
tão livre e tão franca, mulher
chegaste matando o desejo
num beijo cheirando a capim
chegaste na voz do realejo
cantando pra mim
Chegaste na hora da festa
do sonho da vida
chegaste pra ser colombina
no meu carnaval
chegaste na noite mais bela
estrela sobre meu jardim
chegaste de luz fantaseada
dançando pra mim
Chegaste ao som da cor da minha viola
melodía no meu verso, pulso na minha canção
Chegaste, flor, desabrochando setembro
feito a linha do meu canto carregada de emoção
Chegaste num verso do Chico
na melodía do Tom
chegaste num filme italiano
do tempo do branco e preto
no olhar fundo de Mastroiani
no charme daquela ilusão
chegaste nas ruas de olinda, na ponte de praga
na praia da ilha do mel
chegaste no cheiro do mato e nas cores do céu
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3. |
Tua chama (Beto Caletti)
03:41
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Tudo em você me seduz
teu sorriso vai além
Toda emoção se traduz
no teu anjo
Tudo se enche de luz
brilha tua juba
Tudo o que é fogo e reluz
minha estrela
Tua chama
atravessa minha alma
faz morada no meu corpo
acendendo o desejo
Tua seta clara
como se a ilusão raiara
vem ferir a minha pele, amor
além de ti é saudade
Tudo em você é mais azul
nos teus olhos vejo o céu
O teu olhar me conduz
prà beira do mar
O teu requebro possui
o balanço da maré
Afoxé e maracatú
no teu corpo
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4. |
A Rita (Chico Buarque)
03:42
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A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de são Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
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5. |
Ligia (Tom Jobim)
03:53
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Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba não vou a Ipanema
Não gosto de chuva nem gosto de sol
E quando eu lhe telefonei, desliguei foi engano
O seu nome não sei
Esquecí no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer, não ... Lígia Lígia
Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chope gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon
E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão, o seu nome rasguei
Fiz um samba canção das mentiras de amor
Que aprendí com você
É ... Lígia Lígia
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo que um raio de sol
É... Lígia Lígia
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6. |
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Em cada fio
em cada trama
cada hitória cheia de mar
espalha-se tua presença
De cada grão
cada semente
brota a majestade da cor
à sombra da tua floresta
Olha o céu, finda a tarde
olha o chão, olha a graça
que faz nascer das tuas mãos
a cadência do Rio
Em cada corda
cada acorde do piano
acorda a canção
filha do teu traço singelo
Em cada chope
cada festa
cada sonho de carnaval
habita a bossa do teu canto
Ouve o mar, sente a chuva
cair na roseira
escuta como o vento traz
o balanço do Rio
Cada silêncio tem o som
da tua melodia
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7. |
Provei (Noel Rosa)
04:04
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Provei
Do amor todo amargor que ele tem
Então jurei
Nunca mais amar ninguém
Porém, eu agora encontrei alguém
Que me compreende
E que me quer bem
Nunca se deve jurar
Não mais amar a ninguém
Não há quem possa evitar
De se apaixonar por alguém
Quem fala mal do amor
Não sabe a vida levar
Pois quem maldiz a própria dor
Tem amor mas não sabe amar
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8. |
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Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
uma boa média que não seja requentada
um pão bem quente com manteiga à beça
um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Fecha a porta da direita com muito cuidado
que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
vá perguntar ao seu freguês do lado
qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
não me levanto nem pago a despesa
vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
e um cigarro pra espantar mosquitos
vá dizer ao charuteiro que me empreste
uma revista um isqueiro e um cinzero
Telefone ao menos uma vez para 34-4333
e ordene ao seu Osório
que me mande um guarda-chuva
aqui pro nosso escritório
Seu garçom, me empresta algum dinheiro
que eu deixei o meu com o bicheiro
vá dizer ao seu gerente que pendure essa despesa
no cabide ali em frente
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9. |
Caetano (Beto Caletti)
04:15
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Feito silêncio
feito alvorada
num instante, feito nada
feito terra, semente, flor
feito floresta
cachoeira, pedra, fresta ao mar
folha molhada
Feito riacho
florescimento
araçá, rebento, cacho no ar
feito sossego
de madrugada
Feito palavra
ciranda e trova
madeira, corda, viola
feito a voz do sabiá, canção
feito sorriso
gargalhada, pranto, riso, som
bombo e sanfona
Feito folía
frevo na orquestra
carnaval, festa, euforía, cordão
feito batuque
noites afora
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10. |
Rainha (Beto Caletti)
05:13
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Quando você chega todo encanto se derrama
A cor da manhã acorda no céu pra te iluminar
Toda melodia a te cantar, todo som é pouco
Você vai além do que eu já sonhei
Musa, luz na alvorada, flor de todo verso
Lua nua, chuva, molha o meu sono sereno
Mar azul profundo fonte de todo mistério
Teu cheiro é da flor que cresce no chão
Regado de amor
Dona do amanhã na tua singela claridade
Eu vou navegar para me encontrar
Musa, luz na alvorada, flor de todo verso
Lua nua, chuva, molha o meu sono sereno
O teu passo é um furacão
Um raio que bateu na funda dor da solidão
Tua chama acende o ar
Miragem que arrebata o coração
Quando você chega...
Musa, luz na alvorada...
De todo sonho meu eu voltaria, sempre
Pra ver-te sorrir
O riso fundo e branco da ilusão
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11. |
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12. |
Beiral (Djavan)
03:17
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Eu juro
Te querer enquanto o ouro
Do turno da tarde
Cair no beiral
Foi como Eu disse a você
Sem lhe ter falado
Meu lado
Luz acesa de pescador
Bom de mar
Quer me ver sonhar
Traz a tua vida
Mais pra perto de mim
Eu juro
Mais pra perto de mim.
Tarde cai
E na descida se acabou de ver
O sol do lavrador
Brilhara, gritara na sua luz
Fez sinal
Que um dia desse
Deus dará em dobro
E finalmente se escondeu
A noite vem, que vem
E Eu ali
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
Num canto da mente
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
Num canto da mente
Eu juro
perto de mim
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
Num canto da mente
Mas não tava à toa
Tava contente
Tava com meu Bem
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13. |
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14. |
Me diga (Beto Caletti)
02:39
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Todo esse sonho calado
Chorado nas cordas do meu violão
Para benzer os teus olhos
Que eu guardo no fundo
Do meu coraçâo, meu bem
Quero esse beijo molhado
Na boca de chuva com cheiro de mar
Olha pro céu estrelado
Me diga cadê, que eu te quero encontrar
Navega feito nega
Chega perto, vem dançar comigo
Beleza presa à natureza, tudo mais
Feitiço,o teu sorriso
É o paraiso que me aconchega
Morada rara, iluminada, do meu som
Vejo esse azul no teu jeito
De lua bonita tão cheia de paz
E o meu amor endoidece
Se mexe nas ondas
Procura o teu cais, meu cais
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15. |
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Smpre que um samba nasce
Brilham lágrimas na face
No olhar do Redentor
Quem já fez um samba sabe
Que esse dom, esse milagre
Acompanha o criador
É de Deus
Se tirar o samba do nada
É de Deus
Se estar de alma lavada
É de Deus
Recolher as nossas mágoas
Devolver em gotas d'água
Um pingo
Um samba
Caindo sobre o Rio de Janeiro
Um pingo
Esperança
Chovendo no meu Rio de Janeiro
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16. |
Paraty (Beto Caletti)
04:27
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Cidade mãe da alvorada
morada de qualquer sonho
tu tens o dom da beleza
e o jeito de trazer paz
Me perco nas tuas ruas
tuas esquinas, tuas pedras
no espelho das tuas águas
na lua de Gabriela
Na praça da Santa Rita
a tarde cai tão sem pressa
urubu no céu imenso
traçando seu vôo sereno
lá no cais do porto se balança
a esperança do saveiro
Teu horizonte mistura
palmeiras e igrejas
verde mistério da serra
sentinela da cidade
no teu silêncio profundo
se perde o grito do mar
Oh dera
e veja como surge o dia
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17. |
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Eu vim fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central
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18. |
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É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumueira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
Pau, pedra, fim, caminho
Resto, toco, pouco, sozinho
Caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.
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Beto Caletti Buenos Aires, Argentina
Beto Caletti es un músico argentino dedicado a la canción latinoamericana, se presentó en escenarios de Argentina, Brasil, México, Canadá, España, Suiza, Uruguay, Inglaterra, Bélgica, Colombia, Italia, Cuba y Japón. Editó dos libros, ocho discos y un DVD con ediciones en Argentina, México y Japón. ... more
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