1. |
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Toda vez que a morena cai na dança
no gingar do pandeiro feito mantra
vibra o chão no repique do batuque
e o menino sorrindo bate palma
É a mão no tambor
e é o pé no chão
é congada e maxixe
batendo no terreiro
é angola na voz do tantã
lembrando o passado
do povo brasileiro
tesão
Quando o tom do violão é mais um pranto
feito um samba canção desesperado
chora a voz da saudade como um canto
redimindo esse coração magoado
É dor, desamor
é desilusão
é a tristeza falando
através da melodia
que é filha de toda paixão
ecoando no ar
pra tirar a melancolia
de quem sofreu
Toca um bolero, meu bem
pra dizer que eu te quero
que eu sonho contigo
Passa uma banda na rua
acordando-te
cantando coisas de amor
Ah, bem querer
fecha os olhos e vê
como é bom se perder
na emoção
de uma nova canção
Quando o som dos metais acorda ao povo
na explosão desse frevo alucinado
trio elétrico sairá de novo
espalhando a loucura e o pecado
É sal, carnaval
festa e procissão
colombina no olhar
do pierrô apaixonado
é a gente formando cordão
saudando a ilusão
de um instante iluminado
tufão
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2. |
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A novidade que tem no brejo da cruz
é a criançada se alimentar de luz
alucinados meninos ficando azuis
e desencarnando lá no brejo da cruz
Eletrizados cuzam os céus do Brasil
na rodoviaria assumem formas mil
uns vendem fumo, tem uns que viram Jesus
muito sanfoneiro cego tocando blues
uns tem saudades e dançam maracatus
uns atiram pedra, outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres que se disfarçam tão bem
que ninguém pergunta de onde essa gente vem
são jardineiros, guarda-noturnos, casais
são passageiros, bombeiros e babás
já nem se lembram que existe um brejo da cruz
que eram crianças e que comiam luz
São faxineiros, balançam nas contruções
são bilheteiras, baleiros e garçons
já nem se lembram que existe um brejo da cruz
que eram crianças e que comiam luz
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3. |
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Somos todos iguais nesta noite
na frieza de um riso pintado
na certeza de um sonho acabado
é o circo de novo
Nós vivemos debaixo do pano
entre espadas e rodas de fogo
entre luzes e a dança das cores
onde estão os atores?
Pede a banda pra tocar um dobrado
olha nós outra vez no picadeiro
pede a banda pra tocar um dobrado
vamos dançar mais uma vez
Pede a banda pra tocar um dobrado
olha nós outra vez no picadeiro
pede a banda pra tocar um dobrado
vamos entrar mais uma vez
Somos todos iguais nesta noite
pelo ensaio diário de um drama
pelo medo da chuva e da lama
é o circo de novo
Nós vivemos debaixo do pano
pelo truque mal feito dos magos
pelo chicote dos domadores
e o rufar dos tambores
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4. |
Capim (Djavan)
02:41
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Capim do vale, vara de goiabeira
na beira do rio paro para me benzer
mãe d'água sai um pouquinho desse seu leito-ninho
que eu tenho um carinho para lhe fazer
Pinheiros do Paraná
que bom tê-los
como areia no mar
Mangas do Pará, pitombeiras da Borborema
a ema gemeu no tronco do juremá
cacique perdeu mas lutou que eu vi
Jari não é deus mas acham que sim
que fim levou o amor?
plantei um pé de fulô
deu capim
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5. |
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6. |
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Em cada fio
em cada trama
cada hitória cheia de mar
espalha-se tua presença
De cada grão
cada semente
brota a majestade da cor
à sombra da tua floresta
Olha o céu, finda a tarde
olha o chão, olha a graça
que faz nascer das tuas mãos
a cadência do Rio
Em cada corda
cada acorde do piano
acorda a canção
filha do teu traço singelo
Em cada chope
cada festa
cada sonho de carnaval
habita a bossa do teu canto
Ouve o mar, sente a chuva
cair na roseira
escuta como o vento traz
o balanço do Rio
Cada silêncio tem o som
da tua melodia
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7. |
Paraty (Beto Caletti)
04:14
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Cidade mãe da alvorada
morada de qualquer sonho
tu tens o dom da beleza
e o jeito de trazer paz
Me perco nas tuas ruas
tuas esquinas, tuas pedras
no espelho das tuas águas
na lua de Gabriela
Na praça da Santa Rita
a tarde cai tão sem pressa
urubu no céu imenso
traçando seu vôo sereno
lá no cais do porto se balança
a esperança do saveiro
Teu horizonte mistura
palmeiras e igrejas
verde mistério da serra
sentinela da cidade
no teu silêncio profundo
se perde o grito do mar
Oh dera
e veja como surge o dia
oh dera
e veja como brilha a noite
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8. |
Tua chama (Beto Caletti)
03:44
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Tudo em você me seduz
teu sorriso vai além
toda emoção se traduz
no teu anjo
tudo se enche de luz
brilha tua juba
tudo o que é fogo e reluz
minha estrela
Tua chama
atravessa minha alma
faz morada no meu corpo
acendendo o desejo
Tua seta clara
como se a ilusão raiara
vem ferir a minha pele, amor
além de ti é saudade
Tudo em você é mais azul
nos teus olhos vejo o céu
o teu olhar me conduz
pra beira do mar
o teu requebro possui
o balanço da maré
afoxé e maracatú
no teu corpo
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9. |
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Vai amada, mesma vida sempre perigosa
mesmo que não seja um mar de rosas
nunca quera desistir de um grande amor
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10. |
Chegaste (Beto Caletti)
04:50
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Chegaste no estalo de um samba
num breque do tambor
chegaste com a lua mais branca
tão livre e tão franca, mulher
chegaste matando o desejo
num beijo cheirando a capim
chegaste na voz do realejo
cantando pra mim
Chegaste na hora da festa
do sonho da vida
chegaste pra ser colombina
no meu carnaval
chegaste na noite mais bela
estrela sobre meu jardim
chegaste de luz fantasiada
dançando pra mim
Chegaste ao som da cor da minha viola
melodia no meu verso, pulso na minha canção
Chegaste, flor, desabrochando setembro
feito a linha do meu canto carregada de emoção
Chegaste num verso do Chico
na melodia do Tom
chegaste num filme italiano
do tempo do branco e preto
no olhar fundo de Mastroiani
no charme daquela ilusão
chegaste nas ruas de Olinda
na ponte de Praga
na praia da Ilha do mel
chegaste no cheiro do mato
e nas cores do céu
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11. |
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12. |
Caetano (Beto Caletti)
04:17
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Feito silêncio
feito alvorada
num instante, feito nada
feito terra, semente, flor
feito floresta
cachoeira, pedra, fresta ao mar
folha molhada
Feito riacho
florescimento
araçá, rebento, cacho no ar
feito sossego
de madrugada
Feito palavra
ciranda e trova
madeira, corda, viola
feito a voz do sabiá, canção
feito sorriso
gargalhada, pranto, riso, som
bombo e sanfona
Feito folía
frevo na orquestra
carnaval, festa, euforía, cordão
feito batuque
noites afora
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13. |
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Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
uma boa média que não seja requentada
um pão bem quente com manteiga à beça
um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Fecha a porta da direita com muito cuidado
que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
vá perguntar ao seu freguês do lado
qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
não me levanto nem pago a despesa
vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
e um cigarro pra espantar mosquitos
vá dizer ao charuteiro que me empreste
uma revista um isqueiro e um cinzero
Telefone ao menos uma vez para 34-4333
e ordene ao seu Osório
que me mande um guarda-chuva
aqui pro nosso escritório
Seu garçom, me empresta algum dinheiro
que eu deixei o meu com o bicheiro
vá dizer ao seu gerente que pendure essa despesa
no cabide ali em frente
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14. |
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Quando o apito chamou
bateria formou
o batuque desce o morro
quem dera ter um tamborim
brasa até o fim, presa ao teu fogo
Bando formando cordão
estalou a negra mão
sobre a pele do pandeiro
e o som mexe no turbilhão
do coração do batuqueiro
E veja como o céu sauda ao povo
no samba de novo, pois é carnaval
Passo gingado no chão
no bater do surdão
abre alas prà baiana
e uma cabrocha faceira
brasileira e soberana
Quebra no samba o tambor
a cuíca chorou
no calor de fevereiro
e a multidão desabafou
no que sonhou o ano inteiro
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15. |
Florir-Samurai (Djavan)
05:53
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Quanto dá de ti
pra meu viver, florir
entre ares de verão
não demore a vir
matar minha sede
de cair na tua rede
pra saber o tesão
que é você
Você é um triz
que vai me fazer feliz
você tem o sol na mão
ilumina aquí
ou eu sinto medo
tua chama é meu segredo
só eu sei o tesão
que passei
Quem te vê e não quer é louco
ou azarou, azarou e não se deu bem
quem te imaginou, oh, oh, oh
se chamava amor, oh, oh, oh
Ai, quanto querer
cabe em meu coração
ai, me faz sofrer
faz que me mata
e se não mata, fere
Vai sem me dizer
na casa da paixão
sai quando bem quer
traz uma praga
que me afaga a pele
Crescei luar, prá iluminar
as trevas fundas da paixão
eu quis lutar contra o poder do amor
caí nos pés do vencedor
para ser o serviçal de um samurai
mas eu tou tão feliz!
dizem que o amor atrai
E o que vou fazer
nascí pra te querer
és o meu amor
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16. |
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Ói que foi só pegar no cavaquinho
pra nego bater
mas se eu contar o que é que pode um cavaquinho
os home não vai crer
quando ele fere, fere firme dói que nem punhal
quando ele invoca até parece um pega na geral
Genésio, a mulher do vizinho
sustenta aquele vagabundo
veneno é com meu cavaquinho
pois se eu tô com ele
encaro todo mundo
se alguém pisa no meu calo
puxo o cavaquinho
pra cantar de galo
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Beto Caletti Buenos Aires, Argentina
Beto Caletti es un músico argentino dedicado a la canción latinoamericana, se presentó en escenarios de Argentina, Brasil, México, Canadá, España, Suiza, Uruguay, Inglaterra, Bélgica, Colombia, Italia, Cuba y Japón. Editó dos libros, ocho discos y un DVD con ediciones en Argentina, México y Japón. ... more
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